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LACRAIAS E GONGOLOS
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         Muita gente confunde lacraia com gongolos ou piolhos de cobras. Nem lacraias nem gongolos são insetos, apesar de serem artrópodes. Lacraias são quilópodes e gongolos são diplópodes.

         As lacraias, também conhecidas como "centopéias", são animais peçonhentos noturnos muito rápidos e têm o corpo achatado dorso-ventralmente. Nas cidades, habitam principalmente a rede de esgotos, onde se escondem durante o dia. Podem medir até 23cm de comprimento e se alimentam de insetos, lagartixas, camundongos e até filhotes de pássaros.

         Seu corpo é formado por 21 segmentos, cada um com um par de patas pontiagudas. Em sua cabeça situam-se duas antenas e olhos. Embaixo dela ficam os ferrões venenosos, chamados forcípulas, e que funcionam como pinças.

         O último par de patas não serve para locomoção. Ele é usado como órgão sensorial e de captura de alimentos. Quando esse órgão toca em uma presa, a segura com força e todo corpo da lacraia se dobra para trás. Quando está posicionada, injeta o veneno que paralisará ou matará a presa, que depois será ingerida aos pedaços.

         Já os gongolos não são animais peçonhentos. Eles vivem em ambientes úmidos, com pouca luminosidade e com material orgânico disponível para a alimentação. Também são conhecidos por embuá ou piolhos de cobra.

         Diferente das lacraias, possuem 2 pares de patas por segmento do corpo e por isso são considerados diplópodos. A maioria dos diplópodos tem corpos cilíndricos muito alongados ou corpos aplanados com mais de 20 segmentos.

         A maioria dos diplópodes possuem movimentos muito lentos e comem folhas podres caídas e outras matérias vegetais. Alguns comem fungos ou sugam fluidos de plantas, e uma pequena minoria são predadores.
 
         Os diplópodes são geralmente inofensivos para os humanos, apesar de alguns poderem transformar-se em verdadeiras pragas nas casas ou nos jardins, principalmente em estufas, onde podem causar graves danos aos rebentos de plantas recém-nascidas.

         Já as lacraias, possuem veneno mas este é muito pouco tóxico para o homem e, portanto, não há necessidade de aplicação de soro.  Embora existam muitas lendas a respeito desse animal, não há, no Brasil, relatos comprovados de morte nem de envenenamentos graves em acidentes com lacraias. O problema é que, como vivem na rede de esgoto, são veículos de inúmeras bactérias que podem levar a infecções sérias.

         Quando alguém é picado por lacraias, sente dor forte e inchaço (edema) no local da picada. Se os acidentes forem com lacraias grandes também podem ocorrer febre, calafrios, tremores e suores, além de uma pequena ferida.

         As lacraias gostam muito de umidade. Os acidentes podem ser evitados com as seguintes precauções:

 
- Limpe os ralos semanalmente e mantenha-os fechados quando não estiverem em uso;

- Limpe e mantenha fechadas as caixas de gordura e os esgotos;

- Limpe os jardins, apare a grama;

- Não use porões, garagens e quintais como depósito para objetos fora de uso que possam servir de esconderijo para as lacraias;

- Cuide dos muros e calçamentos para que não apresentem frestas onde a umidade se acumule e os animais possam se esconder.
         
          É importante que em caso de acidente você não beba álcool.
        
        Mantenha o local da picada o mais limpo possível. Embora o veneno das lacraias não seja muito perigoso para o ser humano, é sempre bom procurar orientação médica.
 

ÁGUA VIVA
 


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As águas-vivas são animais de corpo gelatinoso quase transparente. Esses curiosos animais invertebrados pertencem ao Filo Cnidaria e são responsáveis por vários acidentes todos anos nas praias do Brasil e do mundo.

As águas-vivas têm um corpo em formato de guarda-chuva e apresentam uma boca na porção inferior do corpo rodeada por tentáculos que ajudam, principalmente, na captura de alimento e na sua defesa. Algumas espécies apresentam tentáculos que podem atingir até quatro metros.

As águas-vivas, quando estão em forma de vida livre são denominados de medusas e são capazes de nadar livremente pelo mar, sendo frequentemente carregadas pelas marés e até mesmo pela força dos ventos.

Esses animais gelatinosos são bastante importantes ecologicamente, uma vez que desempenham importante papel na cadeia alimentar marinha, servindo de alimento, por exemplo, para as tartarugas marinhas.

O grande problema para os seres humanos é que as águas vivas possuem células com substâncias tóxicas usadas na captura de suas presas. O líquido tóxico que provoca dor intensa é encontrado no interior de estruturas urticantes chamadas de nematocistos, localizados principalmente nos tentáculos.

O contato com as substâncias produzidas pelas águas-vivas não causa apenas dor mas pode provocar vômitos, dores de cabeça e abdominais, sensação de constrição na garganta, paralisia, convulsões, câimbras, insuficiência respiratória e arritmias cardíacas.

O contato dos nematocistos na pele pode ocasionar bolhas, vesículas e até mesmo necrose. Podem deixar cicatrizes que podem ser permanentes.

Caso entre em contato com uma água-viva, é importante lavar o local imediatamente com água do mar para tentar retirar os nematocistos.

É fundamental em caso de acidente não usar água doce ou álcool, pois essa ação faz com que os nematocistos sejam disparados. Pode-se também aplicar vinagre em compressas ou então lavar o local com qualquer tipo de vinagre para desativar essas células urticantes.

No Brasil, não existem muitas espécies de águas-vivas que desencadeiam casos graves, entretanto, sintomas perigosos podem surgir. Ao sentir dificuldade para respirar e um quadro de mal-estar intenso, procure imediatamente o médico.
 

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acidente com água viva